Coisa de Mãe, Desabafo, Outros Papos, Virei mãe

Chega de férias, né?

Qual foi a última vez que você parou para olhar as nuvens?

Que saudade escrever aqui no blog!

Tudo bom? Estou voltando, de mansinho, depois daquela jogada leve de toalha.

Volta e meia a gente escuta que “há males que vem para bem” mas é sempre difícil acreditar no batido adágio popular. Só que, olha, ele não é tão famoso assim sem razão, não, viu? Essa parada forçada me proporcionou tantas coisas boas que vocês nem acreditam.

Não, não foi possível relaxar como eu (ainda) estou precisando; não fiz minha manicure nem passei tardes maravilhosas em nenhum spa. Não deixei de ficar com a cara enfiada no computador, escrevendo até de madrugada, e nem saí de férias para alguma praia paradisíaca do Caribe. Aliás, o que acabei fazendo foi me enfiar em mais projetos, como vocês saberão, em breve.

Ainda tem muito a organizar, mas o bom é que eu consegui parar e olhar para a situação de uma outra maneira. Consegui me conscientizar de que foi preciso parar. Consegui gostar da ideia. E o mais importante: não fui ciberneticamente apedrejada por isso, que era o meu maior receio. Ao contrário, recebi tanto apoio, tanto colo virtual, tanta afagada na cabeça, que eu nem acreditei, e me fez tããããão, mas tão bem.

De verdade, eu não esperava. Os comentários não paravam de chegar. Mulheres, mães, agradecendo pela “coragem” que eu tive de me expor daquela maneira, dizendo que o mesmo acontece com elas, dividindo comigo seus dilemas pessoais, os sufocos do dia a dia: a rotina pesada, a pressão interna tirana, o sentimento de falência no final do dia, o questionamento.

E eu coloquei coragem aqui entre aspas, porque eu podia jurar que meu ato estava sendo tudo, menos coragem. De que ele não iria, em nada, empoderar ninguém. Olha o poder da empatia em ação, do que ela não é capaz.

Por tudo isso, eu agradeço, um obrigada imenso, lá do fundo do coração. Me senti amparada por amigos conhecidos mas também por anônimos da internet novamente, exatamente como me senti quando lidava com os primeiros meses da maternidade e me via perdida, frustrada, procurando um par, alguém que me dissesse que eu não estava louca, que eu não era a pior mãe do mundo por não estar gostando de ser mãe, por ter sentimentos menos nobres dentro de mim ao invés de estar transbordando de amor, com a tez resplandecente como o ser divino e iluminado que todas as mulheres transformam-se ao parir. Sei…

Pouca coisa mudou na minha rotina desde a derradeira jogada de toalha, mas o pouco que mudou foi decisivo para o começo de uma forma mais sana de viver a vida e conduzir meu trabalho.

Estou voltando a escrever mais cedo do que pretendia (e vocês já vão entender o porquê, no próximo post) mas sem a pretensão de que meus posts serão mais frequentes. Infelizmente, ainda não os serão. Mas tudo bem, o que importa é que eles existirão e que terão o conteúdo que eu realmente quero que eles tenham e não só para encher linguiça ou porque eu tenho que postar porque é o que todo mundo faz, sabe lá deus como ou às custas do quê. Aqui não, violão.

Também estamos no Facebook e no Instagram, e neles serei mais frequente do que no blog.

O importante é manter o canal aberto e a corrente de boa vibração, de ajuda mútua, de companheirismo rolando. Sem julgamentos, sem pretensões, na irmandade. Porque, uma coisa que eu aprendi é que mãe também precisa de colo.

Um dos maiores erros que eu cometi quando me tornei mãe foi achar que, a partir daquele momento, eu só teria de dar colo, de que eu não precisaria mais de um para mim, de ser acalentada, mimada, ninada até, por que não? Não havia mais tempo para isso. Agora você é mãe. Tem que ser forte, tem que aguentar o tranco.

Eu cresci no meio de mulheres fortes, ou que foram condicionadas a acreditar que era preciso ser forte sempre. Demonstrar dor, sono, cansaço, qualquer sinal de vulnerabilidade era sinal de fraqueza.

Daí que eu aguentei caladinha as dores das contrações e no terceiro dia depois da cesárea, já estava descendo e subindo escada, carregando a cadeirinha para lá e para cá com a Alicia dentro. Não queria fazer feio, queria conquistar uma vaguinha no clube das fortes da família também.

Hum…para quê mesmo? Eu me esqueci de que também cresci vendo muitas destas mulheres fortes sendo sucumbidas pela depressão, pela pressão de não poder ser vulnerável nunca, pela vontade de querer ser mimada, só um pouquinho, mas não sabiam mais como pedir, não sabiam nem que podiam pedir.

Não, meninas, não acreditem nisso, não entrem nessa, que esse mal cesse na nossa geração. Mãe, precisa sim, de colo, de ser acalentada, mimada, até ninada, por que não? E precisa, antes de tudo, de amor-próprio, de ser mãe de si mesma. Seja, para você, a mãe acalentadora que é para os seus filhos. Fazendo isso, consequentemente, você será ainda mais maravilhosa para eles, porque será um ser humano mais feliz, mais pleno, e isso contagia e reflete nos seus. Entendeu a corrente?

Dizer é mais fácil do que fazer? Ô, se é, aqui quem o diga. Mas, vá devagar, um minuto por dia. Uma atitude por vez. Uma olhada no espelho com menos cobrança, passar aquele creme noturno que você sempre esquece (ou morre de preguiça) de fazer. Até escovar os dentes (os seus, não os dos filhos) com menos pressa, terminando com um sorrisão pra si mesma no espelho já vale.

Levante o olhar para as nuvens e as admire enquanto espera o farol abrir (eu sei que esse conselho é meio complicado para quem está no nosso querido Brasil. Substitua “enquanto espera o farol abrir” por algo como “pela janela – trancada – do seu condomínio” ou coisa assim). Tente estar mais presente. Lembre-se da brevidade da vida.

E, quando der (faça dar), reúna-se a outras mulheres que admira, vão dar risada, falar mal dos maridos, bem dos filhos, vice-versa. Falar de dieta, da novela, do tempo, de política e economia externa, do caos do trânsito por causa do aumento no número de imigrantes na sua cidade (como aqui, em Toronto) ou das graves consequências da crise mundial no abastecimento da rebimboca da parafuseta. E que o encontro termine com uma calórica sobremesa, uma para cada uma, sem essa de dividir. Você vai ver como vai voltar bem pra casa!

Gratidão imensa à querida Dani Vidal, do blog VidalNorte, que me estendeu os braços (virtuais, por enquanto!) com apoio e solução prática para o meu perrengue. Às minhas amigas Eliane e Kelly, tão longe, mas tão presentes. A todos que deixaram comentários no blog e nas redes sociais.

Um beijo especial à Janaína, do restaurante Rio 40, à Livi, do blog Baianos no Pólo Norte e à Bianca Barreto, do Canada Vistos. À vocês, queridas, obrigada pelas risadas e discussões acaloradas de ontem e, claro, um grande Merry Christmas, sempre! 

 

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