
Eu não gosto de circos tradicionais, daqueles que ainda usam animais em seus espetáculos, por isso o meu apreço pelo Cirque du Soleil, onde todas as apresentações são executadas por seres humanos. E não estou sozinha nessa porque a companhia é o maior grupo circense do mundo. Então, quando chegasse a hora de levar a Alicia no circo, teria que ser nele.
Mas será que o Cirque du Soleil é para criança?
A trupe está com um espetáculo novo em Toronto, o VOLTA, e trouxe a famosa tenda branca deles junto, que não é só branca, tem umas listras cinzas, também, um show. E o branco da tenda não é só beleza, não; a cor ajuda a regular a temperatura interna da tenda, reduzindo o consumo de energia e minimizando as emissões de gases de efeito estufa. Legal, né?


O espetáculo está em cartaz desde o dia 7 deste mês, mas por causa do festival internacional de cinema de Toronto, o TIFF, que também estreou nesta data, os organizadores do Cirque du Soleil resolveram fazer a noite de premiere deles no dia 19. Como eu estava cobrindo o evento, aproveitei a deixa e carreguei a família comigo.
Como eu disse lá no blog Visite Toronto, nem precisa dizer que o show foi lindo, maravilhoso, de cair o queixo, porque a gente sabe que, vindo dessa turma, o negócio vai ser bom. Mas, eu posso dizer que foi mais mágico ainda por estar sendo apresentado na tenda, o que faz muita diferença.
Levando pelo lado de que cada espetáculo do Cirque du Soleil tem enredo, com começo, meio e fim, utilizando artíficios do teatro, como: cenário, luz, figurino, fica fácil esquecer que o que estamos vendo é circo. Mas, sentados na arquibancada de dentro da tenda – o templo deles – daí sim, temos a certeza de que estamos assistindo uma trupe circense em ação.
O VOLTA é a 41ª produção original do Cirque du Soleil e fala sobre a liberdade de escolha e a alegria que dá quando tomamos as rédeas do nosso próprio destino. O enredo usa um show de TV de auditório de perguntas e respostas como paródia para o que vivemos hoje: a busca da fama instantânea a qualquer preço, o sacrificar o momento mas não perder a selfie.

Mas e aí, é ou não para criança?
A Alicia estava dormindo no carro quando chegamos no circo e, esperado, amuou. Pelo sono e pelo ambiente novo, ainda mais porque estava rolando uma “festa estranha, com gente esquisita” do lado de fora. Mas a festa não era estranha nada, era muito da boa, para a imprensa e algumas celebridades locais, com direito a carpete “preto” e tudo.

Enquanto eu trabalhava, ela ficou agarrada no pai e só se animou a comer uns docinhos que estavam sendo servidos.


O show tem duração de duas horas, com meia hora de intervalo entre uma hora e outra.
Em uma platéia de 2.500 pessoas, eu só vi uma criança um pouco mais velha que a Alicia e ouvi um bebê de colo, que não parava de chorar, judiação.
Todo o espetáculo é de uma intensidade absurda, a começar pelo som: altíssimo, de balada. Dá vontade sair dançando junto, mas achei estímulo demais para criança pequena. Os efeitos de iluminação também, deste show em específico, que abusou de lâmpadas de LED e videoclipes, um tal de acende-apaga que fazia a gente ficar até zonzo, além do uso de esportes de movimentos como bicicross e parkour (treino de transposição de obstáculos), presentes pela primeira vez num show do Cirque du Soleil.

A Alicia ficou hipnotizada, com olhar fixo para o palco…nos primeiros quinze minutos de show. Daí, o assento que ela estava, que abria e fechava, passou a ser mais interessante. Os acrobatas se pendurando do teto, mergulhando no ar para dentro de um arco apertadinho e ela lá, pedindo para brincar com os joguinhos no celular (o que eu deixei mas fui obrigada a desligar, a pedido do moço que estava sentado atrás de mim, e que definitivamente, não deve ter filho).

Entre trancos e barrancos, chegamos no intervalo da primeira hora. Estávamos cogitando em ir embora mas resolvi ficar porque eu queria tanto ver…não vou contar, leia até o final! 🙂
Levou criança? Leve penico!
Não sei você, mas eu tenho horror à banheiros químicos, ainda mais em final de festa e quando estou com a Alicia a tiracolo. Ela desfraldou bem cedo mas eu ainda carrego seu penico para todo lado, que foi o que nos salvou nesta noite. Sem contar que tivemos que esperar uns dez minutos na fila (pois é, aqui não tem essa de prioridade). Fica a dica: se seu filho ainda não segura direitinho, coloque uma fraldinha para garantir (eles têm trocador de fraldas no banheiro acessível) ou leve o penico .


Na segunda metade do espetáculo, apelei para um pacotinho de M&M’s para que ela ficasse quietinha durante a tal da apresentação que eu tanto queria ver: a brasileira Danila Vieira Biem, ar-ra-san-do numa coreografia de dança e acrobacias no ar, sendo suspensa pelo cabelo! De arrepiar.

Outra apresentação que eu não queria perder era a do pessoal do bicicross com manobras em seis rampas de skate transparentes (para não atrapalhar a visão do platéia), construídas especialmente para o show, feitas com material à prova de balas, para aguentar o impacto das manobras. Não sei se gostei mais das acrobacias ou das rampas!

No final, eu diria que eu e meu marido assistimos 80% do show. A Alicia, talvez metade mas, prestando atenção mesmo, uns 10%.
Veredito?
Se seu filho for da idade da Alicia (quase quatro anos), pode levar, mas arme-se de paciência (e leve o penico). Menor que isso, nem pensar, deixe com a vó, a sogra e vá com o marido. Que seja um programa só para os dois até que o filhote complete uns seis, sete aninhos, daí todos poderão curtir tão elaborada produção, sem contar que não vai mais precisar pagar mico de penico.
Em Toronto de 7 a setembro a 26 de novembro
Ingressos: A partir de $49
Horários: 3ª a 5ª 20h, 6ª e sáb. 16h30 e 20h, dom. 13h30 e 17h
Onde: Port Lands, 51 Commissionners Street (lado leste de Toronto)
Como chegar
De carro
Vindo do norte ou leste da cidade: Pegue a DVP South até a saída da Lakeshore Blvd, que se torna The Don Roadway depois do semáforo. Vire à direita (oeste) para a rua Commissionners Street
Vindo do oeste da cidade: Pegue a Gardiner Expressway East até o final, que se tornará Lakeshore Blvd East. Vire à direita (sul) na Carlaw Ave e direita novamente (oeste) para a rua Commissionners Street
Preço do estacionamento: $20, incluído no preço para quem optar pelo ingresso VIP. Eles têm um serviço de reservar uma vaga com antecedência pelo website da empresa, sem custo adicional.
De ônibus
Confira o website to TTC para a rota de ônibus número 72.
Não dê seus ingressos para o filho brincar! Ele vale dinheiro! Alguns restaurantes estão oferecendo descontos e ofertas para antes e depois do espetáculo. Confira aqui
“Cara de palhaço, pinta de palhaço”…Enquanto eu escrevia este texto, esta música não me saía da cabeça! 😉
Alessandra,
Materia delicia de se ler sobre o show Volta e cheguei ao mesmo veredito essa semana qdo estava quase comprando os ingressos pra nos tres aqui em casa. Nao tive coragem de comprar pra Valentina, q tem quase 4 tbm. Pensei q seria dinheiro jogado fora e q ela vai aproveitar mais qdo for maior. Eu esperei 30 anos pra ve-los ela pode esperar mais uns aninhos!:)
As vezes percebo uma ansiedade minha pra proporcionar experiencias incriveis pra pequena mas ando pensando q ela tbm tem q ter tempo pra ter as vontades e desejos proprios. Imaginar-se num espetaculo desses e se perguntar como seria eh um desses desejos…
Enfim, pra quem pode uma boa desculpa pra uma saida a dois q jah nao acontece com tanta frequencia, neh?
Bjos!
Oi, Fabi, muito boa sua análise. Concordo com você, também sou assim: na ansiedade de querer mostrar o mundo pra eles, a gente pode acabar forçando um pouquinho a barra, sem perceber. Principalmente aqui no Canadá, com esse inverno rigoroso que a gente tem, a pressão de “curtir o verão porque dura pouco”. É só preciso ficar atento, sentir a criança. Ter um tempo de ficar em casa, também, fazer coisas simples, brincar, fazer nada, por que não? E cada família tema sua dinâmica, né? Espere mais um pouquinho, vá curtir com o maridão, desta vez. Esse tempo só para o casal também é importante! 😉 Bjo grande, obrigadão pelo comentário!
Amei como vc abordou o dilema de levar ou não crianças no Cirque du Soleil.As fotos ficaram belíssimas.
Poxa, obrigada! As matérias sempre terão esta abordagem, porque a gente sabe como é difícil levar criança pequena para lugares, né? Se eu puder ajudar, fico feliz! Bjao
A matéria deu várias dicas p as Mamães e as fotos ficaram belíssimas .
Obrigada, Ana Paula! Era esse o intuito mesmo, ficou feliz que tenha ajudado e que você curtiu!
Que legal, Ale!!! Já fui a 2 espetáculos, mas ainda não levei as crianças pq estava em dúvida. Essa matéria vai me ajudar muito a decidir. Beijos!!
Oi, Germana,que bom que gostou e que a matéria ajudou na sua decisão! Obrigada por passar por aqui!