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Spielberg, autoconhecimento e birra de criança na loja da Disney

2:40 da manhã. Sim, vai ser um daqueles “posts insônia”, sabe como é? Meio vomitado, faltando edição, que talvez eu me arrependa de ter escrito quando acordar? Nada, essa parte não vai acontecer, porque eu adoro posts assim. É quando, no silêncio da casa onde todos dormem, você consegue se conectar com a sua alma, com você mesma: não com a mãe, a esposa, a jornalista, a blogueira, a dona de casa, a pronto-socorro da humanidade, mas com você mesma. Quando as minhocas na cabeça estão tão atarantadas que não tem outro jeito senão escrever.

Passamos o dia no Wet’n Wild, foi ótimo, com algumas coisas para reclamar (lógico), mas o post não vai ser sobre ele, não.

Ia pra cama logo que a Alicia pegou no sono, lá pelas 10 e tanto da noite, mas o documentário sobre a vida do Steven Spielberg que meu marido estava assistindo no canal HBO me fez mudar de ideia. E me deu insônia e não me fez parar de pensar. Que história a desse cara. Que é gênio a gente já sabe, mas saber que muitos de seus filmes, seus personagens, foram baseados nas inseguranças dele, na relação conturbada que teve com o pai me deu esperança: eu sou normal!

E que ele só conseguiu o sucesso que teve porque foi true to himself, foi ele mesmo o tempo todo, perseguiu seus sonhos, enfrentou seus monstros, seus medos, e fez melhor: os transformou em arte.

Lógico que, não contente com o documentário, dei um Google básico sobre ele, seus pais e descobri um artigo super bonitinho que fala sobre a mãe dele, Leah Adler, e seus métodos não tão ortodoxos de educar, ficando do lado dos filhos mesmo quando eles aprontavam, tipo quando inventavam que estavam doentes para não irem à escola ou deixando Spielberg filmar pela casa.

Daí que eu fiquei pensando na importância das pessoas que passam em nossas vidas, incluindo nossos pais, e as marcas que elas nos deixam. Como elas influenciam no que seremos ou o que faremos das nossas próprias vidas. As marcas que a relação conturbada de Spielberg com sua descendência judaica, o pai ausente (workaholic e depois separado da esposa), a mãe que apoiava suas “loucuras” de querer ser cineasta, deixou nele, e o que Spielberg fez com elas.

O documentário alinhava a filmografia de Spielberg  à sua vida pessoal. Tentando um lugar sob o sol de Hollywood: filmes para agradar as massas; o pai ausente do Elliot (filme E.T. – O Extraterreste): suas dores com a ausência do pai; fazendo as pazes com o judaísmo: Lista de Schindler; fazendo as pazes com o pai: o pai herói de Guerra dos Mundos, e por aí vai.

Um dos livros que li sobre maternidade, e que posso dizer com a maior segurança, mudou meu estilo de educar e de ser mãe e ser humano (sim, dá para ser os dois!) foi o Peaceful Parent, Happy Kid, da psicóloga Laura Markham.

Infelizmente, ele ainda não foi traduzido para o português mas, essencialmente, no que ele se baseia é: conhecer suas feridas, e curá-las, antes e durante sua entrada para o mundo da maternidade, e amor incondicional ao seu filho. Incondicional mesmo. Eu ainda vou voltar a falar mais dela por aqui, porque amo seu trabalho mas, essencialmente é isso.

Parece bobo, né? Mas tenta amar sua filha incondicionalmente quando ela está se estrebuchando dentro da loja lotada da Disney quando você diz que não vai comprar OUTRA boneca da Elza, porque ela já tem quatrocentas em casa!

Mas o pulo do gato mesmo foi a questão de curar as feridas da sua própria infância, olhar com carinho para as suas mazelas com seus próprios pais, e como isso norteia quem você será – ou não – como pai. Eu nunca tinha parado pra pensar nisso até ser mãe.

Sabe aquele negócio de “quando você for mãe você vai entender”. Pois olha, não é balela, não, é pura verdade. Mas, se pudesse, eu mudaria um pouco a expressão (a leonina não se aguenta, né? Tem que fazer as coisas do seu jeito!): “quando você for mãe, você vai ver as coisas por outro ângulo”, com outros olhos, por uma outra perspectiva. Por que não entender? Porque, pelo menos para mim, depois que eu me tornei mãe, eu comecei a olhar algumas atitudes tomadas por meus pais, no passado e no presente, de uma outra forma, e não entendi como eles foram capazes. Algumas, até entendi, pelas circunstâncias, outras repudiei por completo, porque agora eu sou parent, também.

Brincando de boneca não dá pra entender, só sendo mãe mesmo!

Olhando para as suas feridas, como você foi criado e quais as sequelas, positivas ou negativas, deixadas em você, dá para entender o estilo de educação que você usa com seus filhos: às vezes, nem nos damos conta de que fazemos o mesmo que os nossos pais, mesmo não aprovando o método mas simplesmente por estar tão enraizado dentro de você. O legal é que, quando percebemos, dá para mudar. Dá para fazer do seu jeito.

Por diversas vezes, eu me peguei descambando para uma educação mais permissiva, como um reflexo ao repúdio que tenho ao autoritarismo. E, novamente, o legal é que, quando percebemos, dá para voltar e calibrar.

Mas o que a Laura Markham tem a ver com o Spielberg? Viajei?

Acho que os dois me remetem à questão de se conhecer, deixar seu filho se conhecer e ser o que ele é, apoiá-lo e amá-lo incondicionalmente.

O Spielberg é um gênio, com certeza, e não sei se alguém ou algo conseguiria deter tamanho talento de desabrochar, mas ele só é o que é porque se deixou ser. E só floresceu, de verdade, na carreira, quando fez as pazes com seus monstros internos.

Ele me inspirou em ser quem eu sou na minha escrita, por isso esse post. Porque, só quando deixo as palavras fluírem no meu blog, como eu quero, e não como deveria ser, seja para ganhar mais seguidores, mais “Likes” ou angariar um lugarzinho ao sol no Google, eu sou feliz, eu resplandeço. E, sendo feliz, sou uma mãe melhor, uma esposa melhor, uma jornalista melhor, uma blogueira melhor, uma dona de casa melhor, uma pronto-socorro da humanidade melhor. Com insônia e olheiras no dia seguinte, mas melhor.

Sendo feliz, eu mostro para a minha filha que é possível, e que ela também pode ser feliz.

Já Markham, como eu disse, me inspira a olhar para dentro, olhar com carinho para as minhas feridas, para a minha infância, curá-las, jogar fora o que não presta e voltar com o estilo de maternidade que eu quero para a minha filha e não o que está plantado, em sabe lá que solo, no meu inconsciente e que, automaticamente, replico; e nem sendo permissiva demais só para estancar uma dor que é minha, como uma forma de compensação.

Amando incondicionalmente minha filha, bem diferente de mimar, veja bem, eu vou ajudar a formar uma pessoa amada, segura, independente, completa, feliz. E quem não quer um filho ou o mundo cheio de gente assim?

4 da manhã. Não quero nem pensar como vai ser meu domingo!

Obrigada por ficar comigo até o final!

Descubra-se e seja feliz!

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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