Testamos (e Aprovamos?), Virei mãe

A festa é para quem mesmo?

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O aniversário da Alicia é dia 27 de dezembro, mas este ano eu resolvi comemorar os três aninhos dela um mês antes. Será amanhã. Por quê? Eu poderia listar alguns bons motivos (cai no meio de dois feriados importantes, por exemplo) mas a verdade é mesmo uma só: encontrei um salão de festas ma-ra-vi-lho-so mas o bendito fica em outra cidade, longe de Toronto. Vai que neva? Não tem festa, ninguém vai, pronto, mixou.

Minha cunhada do Brasil se manifestou quando soube da antecipação: “Vai comemorar antes, cunha?”. É, para nós, brasileiros, a ideia não soa muito bem mas aqui, parece prática comum. Foi uma tia da creche até, que me sugeriu. Relutei em aceitar, mas cedi. Em terra que neva, tudo gira em torno da previsão do tempo.

Você deve estar se perguntando: “E não daria para fazer a festinha em outro lugar?” Pois é, daria, né? Mas fala se a mãe da aniversariante conseguiu parar de pensar no tal do salão?!

Fantasy Fables fica em Burlington, a caminho de Niagara Falls, a uns 50 quilômetros de Toronto. Salas de um prédio industrial foram convertidas para salão de festa temático de castelo de princesas da Disney (a empresa afirma que é a única licenciada pela marca para este tipo de negócio, por aqui).

A decoração é de despertar a Bela Adormecida no coma mais profundo que exista dentro de você: tudo em tons pastéis de rosa, contrastando com mobília e sofás branquinhos na recepção, delicados lustres de cristais e cadeiras Chiavari transparentes no salão principal e fotos das princesas mais populares nos arredores.

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Também um palco adornado com cortinas e laços, para apresentação da sortuda aniversariante aos convidados, pela princesa de sua preferência.

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Até o piso é tratado com reverência, de tão branco e brilhante que é. Batizado de pixie dust floor (“tratado com pó mágico”), não se pode pisar nele com sapatos, para não riscá-lo (sai para lá com esse escarpin de cristal, Cinderela!). Nem pés descalços. O tal do piso mágico só pode ser tocado por pezinhos com meias.

FROZEN FEVER

A Alicia ainda está com a “febre de Frozen“, então escolhemos a Elsa e a Anna como as princesas principais. Como parte do pacote, ontem, ela recebeu uma ligação da “própria” rainha Elsa de Arendelle, avisando que ela e a irmã vão estar presentes na festa.

Se ela gostou da surpresa? Nem ligou. Daí o título do post.

Saindo da creche, ela pediu para ir direto para casa porque queria assistir Alvin e os Chipmunks. Para sua surpresa, um saco gigante de pipoca (que eu comprei para a festa) a esperava no banco de trás do carro. Ela ama pipoca.

Nem bem chegou em casa, foi pedindo para ligar a TV e pegar um potinho. Ali eu já sabia que eu e a Elsa havíamos perdido. A princesa de Arendelle teria que rebolar se quisesse a atenção desta pequena. E foi o que aconteceu. Na hora marcada, o telefone tocou. “Alô, quer falar com quem? Alicia? Quem é? O quê?! É a Elsa, do Frozen?!?!?! Só um minutinho”, e passei para ela.

Foram dois minutos de conversa, com várias interjeições minhas para que a peteca não caísse. A Elsa, toda graciosa do outro lado da linha, e a Alicia mostrando a pipoca para o telefone, perguntando se a Elsa queria, se eu queria, com um olho no potinho e o outro na TV…

A Elsa até cantou, o que chamou a atenção da Alicia, que bateu uma palminhas forçadas para incentivar a alteza. Por vezes, ela balançava a cabecinha concordando com tudo o que a princesa falava, tipo: “Yeah, yeah, yeah, mas me deixa ver o filme, pode ser?” Enquanto isso, a mãe babaca aqui, enxugava uma lágrima de emoção que teimava em escorrer.

Foi hilário, inesquecível. E um tapa na cara. A constatação de que esta festa pode estar sendo feita para a minha filha, mas pautada em expectativas minhas. Ela pediu uma festa do Frozen? Não. E se não rolar no castelo cor-de-rosa da Disney, em Burlington, quem é mesmo que vai ficar chateada?

Amanhã será um dia longo, vamos sair cedo de casa e chegar à tardinha. A festa vai ser da uma às três da tarde somente, com uma agenda estrita. Uma hora de atividades com as princesas e uma hora para comes e bebes.

Normalmente, festa de criança em buffet, por aqui, dura umas três horas. Não gostei muito do esquema deles, mas fazer o quê? Não quer a festa no castelo cor-de-rosa da Disney, em Burlington? Aceite as regras, súdita.

FINAL FELIZ?

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Não sei qual será a reação da Alicia, amanhã, ao ver Elsa e Anna em carne e osso, num castelo e tudo mais.

Já estou preparada para a probabilidade que ela ignore as duas princesas das mais diversas maneiras, como: 1) assustar, chorar, grudar em mim e nem olhar para a fuça das duas; 2) virar para elas e dizer que ela sabe que elas não são a Elsa e a Anna e, portanto, desprezá-las, com direito de causa; 3) estar tão embasbacada com o redor que as presença das duas vai acabar passando batido.

Pode ser também que nada disso aconteça: que ela ame o lugar, se apaixone pelas princesas, curta suas duas horinhas de magia e que saía de lá como a aniversariante mais feliz que um dia houve, num perfeito contos de fadas.

Independente do que aconteça, aprendi que não é preciso um castelo mágico da Disney para fazer a felicidade da minha filha. Pipoca e um filminho na TV já bastam, contanto que haja amor. Se ela gostar, muito que bem, acertei. Se ela não gostar, bom também, aprendi a lição. Da próxima vez eu que me lembre: a festa é para quem mesmo?

Volto para contar o que deu!

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