
Hoje é meu aniversário. Yeah…
Desde que me conheço por gente, esse é o dia mais A-GUAR-DA-DO do ano, para mim (coisa de leonino)! Na adolescência e até depois dos 20 (ok, mesmo já tendo passado dos 30), costumava fazer contagem regressiva para a sua chegada. Quando mais nova, a contagem começava nos 90 dias que o antecediam. Depois passou para um mês, semanas, dias, até que hoje…a contagem meio que minguou.
Não que a criança que ainda mora dentro de mim não goste mais de fazer aniversário, mas é que a data ganhou concorrência brava e uma agenda esmagadora para competir: o aniversário da Alicia, agora, é a coisa mais importante do meu calendário. Também as datas de pagamento do cartão de crédito, do condomínio, da água, da luz, do telefone…
Ter filhos tira a gente do centro do palco. Aliás, “tira” não seria o termo: te arranca pelos cabelos, te dá uma bundada que faz você parar lá na coxia, em um segundo.





Suas prioridades mudam, sua vida, sua agenda, e o que a dita, também. Veja essa semana, por exemplo: feriadão prolongado em Toronto. Não fomos viajar mas queria ter feito várias coisinhas pela cidade: tem torneio de tênis começando, festivais de rua e meu aniversário caindo na segunda-feira, o dia do feriado.
O que realmente aconteceu? A Alicia pegou um resfriado na quinta, está com febrão desde então. Noites em claro, eu com ela, e disposição zero para sair. Cancela tudo. Fomos no médico ontem e o diagnóstico? Garganta inflamada. Dá-lhe dez dias de antiobióticos, acordando a bichinha de madrugada para administrar medicação. Quem tem cabeça para pensar em festa de 43 anos, me diz?
Por falar nisso, o fator idade. Achei que isso nunca me incomodaria, mas agora está. Depois que a Alicia nasceu, especialmente. Fazer a conta de quantos anos eu vou ter quando ela tiver “x” anos me assusta. Pois é, quem mandou ter filho aos 40, eu sei.

Mas não troco a mãe que sou com 40 pela mãe que eu seria aos 20, mesmo querendo poder ter 40 quando minha filha tiver 20. Vejo minhas amigas nesta situação e as invejo, mas sei o que elas passaram e o que deixaram de viver por causa disso (estive na vida delas durante todos esses 20 anos, assisti tudo de camarote).
As ouço dizendo que elas gostariam de ser a mãe que eu sou hoje, com 40, para as filhas delas, quando elas tinham 20. Ter a paciência, que só vem com a maturidade, o se dar sem medo de deixar de viver, porque já se viveu. Ao invés, querer viver tudo novamente, mas com eles do lado. Voltar pro mundo, com eles a tiracolo.
Mas o que mais me agrada é a total não competitividade para ver quem é a mais bonita, a mais gostosa, a mais paquerada na porta da escola, seja pelos pais dos seus amigos ou pelos próprios. Minha filha, quando tiver 20 anos, não vai precisar passar por isso (só espero que ela não tenha vergonha de ter uma mãe de 60…) 🙂
Eu sou filha de uma mãe de 20 anos e ainda me lembro de quando ela estava no auge dos seus 30 e poucos anos, linda, linda, e eu, uma adolescente aprendendo a lidar com o próprio corpo, ainda em (de)formação! Foi punk!
Hoje, tenho 43 anos e minha filha, três. Não vamos passar por isso, ainda bem. Quando me arrumo, ela me olha toda orgulhosa, me elogia, e vejo que também quer seguir os passos da mãe.
Eu a vejo fazendo as mesmas poses que eu; se eu coloco vestido, ela também quer. Já quer por maquiagem e percebe quando eu mudo a cor do esmalte (ou quando estou usando um, coisa rara). Somos amigas como eu era com a minha mãe, mas não há nenhum grau de competição, porque nem poderia. Quando for o momento de ela brilhar, no auge dos seus 20 aninhos, eu espero ter alcançado a sapiência de saber que meu momento já foi; que agora a gostosa é ela, e está tudo bem.

É, 43 é um lugar estranho de se estar: não me sinto nem perto da minha mãe, com 63, nem próxima da minha irmã, com 25.
Mas, se tem uma coisa boa em completar 43 anos é o fato de que estou mais confortável com quem eu sou (finalmente) e com minhas próprias ideias. E com minha intuição, que demorei para ouvir e confiar, mas que hoje tem um peso de respeito na minha tomada de decisões.
Não vou mentir dizendo que fazer 43 anos não dói. Ainda mais depois que fiz uma conta patética e descobri que estou a 2.555 dias para os 50!!! Só isso???
Mas, quando a coisa começa a me apavorar muito, paro e penso: se estou fazendo 43 anos é porque estou viva há 43 anos. Bem, feliz, saudável e cheia de gás para mais 43 deles.
E estou completando 43 anos porque vivo na parte ocidental do nosso planeta porque, se estivesse na Coreia do Sul já estaria com 44, ganhando mais um aninho na virada do ano, olha isso! Se fosse um extraterrestre vivendo em Vênus, estaria beirando os 70 anos; já morando em Marte, estaria na flor da idade, com 22.
Portanto, acho que, a partir de agora, não vou mais falar quantos anos eu tenho, mas com quantos anos me sinto, porque todo esse papo de idade é realmente relativo.
Vou é aproveitar o ensejo e cair na festa, entoando Rita Lee:
“Mas enquanto estou viva e cheia de graça
Talvez ainda faça um monte de gente feliz!”
Feliz aniversário para todos os leoninos out there!!!