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Time Capsule Exhibit, a exposição gratuita da Louis Vuitton em Toronto

Hoje o papo é moda: uma exposição bacanérrima, ótima para ir com crianças, mas tem que ir logo porque só vai durar mais nove dias, até 30 de setembro. Pronto. Essa informações tinham de estar na chamada. Ah, e é de graça!

Eu estou falando da exposição , organizada pela Louis Vuitton, um das mais famosas e conceituadas grifes de moda do mundo, em comemoração aos seus mais de 160 anos de vida.

Acredita que a marca já existe há todo esse tempo? E pensar que começou como uma simples fábrica de trunks, aqueles baús enormes de viagens. Quer dizer, simples não, porque Sir Louis Vuitton, desde o início, quis diferenciar sua marca pela qualidade e inovação de seus produtos.

E foi com este baú que tudo começou, em 1858, com detalhes para se diferenciar da competição, como o tampo reto (ao invés de arredondado), cantoneiras resistentes e totalmente à prova d’água. Sim, isso em 1858. Imagina?

Este tipo de baú era utilizado em viagens terrestres, a cavalos, carruagens e geralmente, o dono do baú tinha serviçais para carregá-los, porque o negócio era pesado (mais ou menos igual às minhas malas, no dia de hoje!) 😉

A exposição é gratuita, acessível e dá para ver tudo em uma hora, ou mais se você for como eu, que lê todas as plaquinhas e fica grudada nos detalhes. Há guias super gente boa para ajudar com qualquer informação e panfleto sobre a cronologia da exposição.

Desenho da primeira fábrica da Louis Vuitton, em Paris, ainda em funcionamento e aberta para visitas.

A Time Capsule Exhibition está ocorrendo em Toronto, na frente da estação de trem mais popular da cidade, a Union Station. Mas por que neste lugar? Porque ambas, tanto a estação quanto a marca, são símbolos de suas indústrias, icônicas e foram se adaptando aos novos meios de transporte ao longo dos anos. Achei muito legal a sacada.

À medida que novos meios de transporte foram surgindo, os baús da Louis Vuitton foram sendo modificados para acompanhar a evolução, ficando menores e mais leves, como o anúncio da foto de cima explica, demonstrando uma nova valise da marca.

Leves, mas ainda sempre personalizados. Até hoje, cada trunk é feito de acordo com as especificações e necessidades de cada cliente, como este protótipo, encomenda da Walt Disney Productions. Para quem será que era? Mickey, Cinderella ou o próprio Walt Disney?

E olha que exemplo de Serviço de Atendimento ao Consumidor: todas elas vinham com diagramas da melhor forma de arrumar as roupas na mala. Hoje, encontramos as dicas no YouTube! 🙂

Organizada como uma mala bem feitinha

A exposição é organizada em seis blocos, contando desde o início da empresa, como fabricante de trunks, como eu disse, até os dias de hoje, com suas bolsas, malas e acessórios caros e cobiçados.

Eu fiz a visita guiada por um funcionário da Louis Vuitton, o simpático Nicholas, com conhecimento bárbaro sobre a empresa.

Volta lá na foto do primeiro baú LV. Está vendo o adesivo colado em um dos lados? São os famosos adesivos de hotéis que a gente vê nos filmes. O Nicholas me contou que a posição em que eles eram colocados na mala pelo carregador indicava o quão generoso seu dono era na hora de dar gorjeta! Colada do lado direito, mais para baixo, era sinal de que a pessoa era mão aberta!

Adesivo de um dos hotéis da rede canadense Fairmont.

Com o advento das viagens marítimas como meio de transporte e turismo, os baús foram ganhando formas diferentes e inserções, como este aqui, funcionando como uma espécie de armário:

Meu sonho de consumo!!!! Este vem até com cadeira para a dona se sentar e fazer maquiagem…
E este, com cama, para longas viagens terrestres.

Uma curiosidade é que este listrado da foto acima foi o primeiro padrão que funcionaria como “marca” da empresa. Parece simples mas, na época, em 1872, chegar neste tom de vermelho era muito difícil. Em 1888, Louis Vuitton introduziria o canvas Damier, o famoso quadriculado bicolor, usado até os dias de hoje. Foi em 1896 que George Vuitton criaria o icônico monograma da marca em homenagem a seu pai, Louis Vuitton.

De acordo com Nicholas, há um rumor de que George se inspirou nas cherry blossoms (flores de cerejeira) japonesas para a criação das flores que acompanham o “LV” do monograma.

Os primeiros automóveis não eram equipados com porta-malas (já pensou?!). Numa outra bela sacada de marketing, Louis Vuitton adaptou seus trunks para serem acoplados na traseira ou no teto dos carros, suprindo a deficiência do novo meio de transporte. Alguns vinham com “mimos” extras como cestas de piquenique, customizadas para que os utensílios dos donos coubessem perfeitamente nelas:

Imagina acampar assim?

E esta mala redonda, aí embaixo, vocês não vão acreditar, mas é uma caixa de ferramentas de carro!!!

Outra curiosidade é o fato de que as primeiras bolsas de mão da Louis Vuitton não foram criadas pensando nas damas da época, mas nos cavalheiros, como valises médicas e esta mala de ferramentas, porque eram feitas de material muito rígido.

Foi o modelo Steamer, de 1901, o precursor das bolsas femininas, por ser o primeira bolsa a ser fabricada com material mais flexível. Seu nome é em homenagem aos barcos a vapor da época. A partir daí, a gente já sabe a história…

Bolsa Steamer, a vovó das bolsas femininas da marca Louis Vuitton. Ou melhor, vovô. O modelo era utilizado para mandar roupa suja para as lavanderias dos viajantes de navios a vapor.

A excelência mora nos detalhes

De toda a exibição, o que mais me chamou a atenção, e por isso o post, foi o carinho com os detalhes e o fato de a exposição se iniciar com uma artesã da empresa, trazida especialmente da França, demonstrando como as bolsas são, de verdade, costuradas à mão.

Anne trabalha na Louis Vuitton há 25 anos. Vê-la costurando, ali, na sua frente, pacientemente, cada alça de bolsa, cada etiqueta, dá uma outra perspectiva ao fato. A gente sempre ouviu falar que as bolsas da marca são feitas à mão, mas ouvir é uma coisa; testemunhar é outra completamente diferente. Botar a mão na massa, quer dizer, na agulha, então, nem se fala. Eles nos convidam a ajudar Anne na labuta. Eu aceitei: costurei um pedaço de alça e pintei com selante os lados de uma etiqueta de couro. A experiência foi curta mas valeu para redobrar o valor por este tipo de trabalho.

Olha eu aí com a Anne. Só fazendo para saber a delicadeza da operação. Tremendo ao pintar de selante vermelho as bordas tão fininhas das etiquetas de couro que vão em algumas das bolsas LV.

Fiquei sabendo que um dos modelos mais famosos, a Speedy, pode levar até cinco horas para ser fabricada. Outros modelos menores, em torno de 15 horas.

O penúltimo bloco da exibição, o Magic Malle, é um ambiente midiático, com projeções nas paredes de momentos da marca, música lembrando um desfile de modas e um grande trunk no meio da sala. Dá vontade ficar ali por um bom tempo.

Cenas do bloco Magic Malle, a penúltima parte da exposição.

Na última parte da instalação, temos um cronograma das datas mais importantes da marca e uma seleção de bolsas e acessórios Louis Vuitton, alguns criados a partir de parcerias com famosos e celebridades de ontem e de hoje.

Porta-LP e cassete, década de 80. Imagine, nos tempos de bailinho, você chegando com um desses?!
Valise de viagem feita em colaboração com a atriz Sharon Stone. Somente três unidades foram fabricadas, sorry
Bolsas LV dos dias de hoje, na sequência, da esquerda para a direita: bolsa Speedy com o monograma LV estampado à mão (Marc Jacobs/Richard Prince); bolsa de viagem verde com grafia lembrando a instalação de arte Infinity Mirrors, uma colaboração com a artista japonesa Yayoi Kusama. Mochila com tecido felpudo (e estética duvidosa na minha opinião, desculpe), assinada por Marc Newson, designer celeb, criador dos relógios da Apple; a bolsa de viagem desejo de consumo dos antenados dos dias de hoje: Supreme, colaboração com a marca cult nova-iorquina e Louis Vuitton. Por último, a frasqueira “tortinha” (estranhinha, vai?), colaboração do arquiteto canadense Frank Gehry com a marca, responsável pelo design da Fundação Louis Vuitton.
Na saída, você ainda ganha um cartão-postal LV para levar para casa. Queria que fosse uma bolsa, né? Eu também!

Louis Vuitton para chamar de seu

Batendo aquela vontade irresistível de levar um souvenir da exposição, dá uma passada na loja pop-up da marca, no andar subterrâneo da Union Station. Não tem bolsa, mas perfumes, ítens de decoração, livros e guias de viagens charmosos, até um do Rio de Janeiro.

Será que Sir Louis Vuitton sabia onde sua empresa iria chegar?

Time Capsule Exhibition Toronto
Union Station
Até 30 de setembro

Horários:
De segunda a sexta – Das 9h às 21h
Sábados e domingos – Das 11h às 21h

Entrada gratuita, acessível

 

 

Fotos: Alessandra Cayley

 

 

 

 

 

 

2 Comments

  1. E eu passei em frente na época da montagem e achei que estavam montando uma cápsula do tempo hahahahhaha
    Adorei saber disso tudo Ale, desde da posição dos adesivos na maleta indicando as gorjetas, até que uma bolsa pode demorar 15 horas para ficar pronta! Uau! E imagina ter uma mala de ferramentas da Louis Viton?! ahahahah
    Beijosss

    1. Alessandra Cayley

      Dani, vou fazer de conta que eu estava numa cápsula do tempo e só saí de lá agorinha há pouco, por isso só vi seu comentário agora! 😉
      Mas, obrigadão por passar por aqui e que bom que gostou. Espero que tenha dado tempo de você ter ido lá conferir. Bjao!

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